sábado, 17 de março de 2012

Contribuição do sogro

Desde cedo o meu amor já aprontava. Como eu só o conheci com 22 anos, perdi bastante coisa.

Felizmente eu tenho a contribuição de quem esteve lá todo o tempo pra colecionar momentos inesquecivelmente cômicos.

Está aí a primeira contribuição do blog, do pai do Iuri, Eugenio Nascimento.

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O TREM FANTASMA

Numa dessas tardes em que os pais separados saem com seus filhos, eu resolvi levar os meus ao velho Tivoli Park, que ficava na Lagoa. Foram os meus dois e a agregada da nova relação. Gandhi tinha 8 anos, Iuri 3, Ana Eduarda 5. Iuri, o menor, não queria saber de brinquedos perigosos e assustadores. Ana Eduarda ia na onda dos dois e Gandhi, para mostrar que já era homem, só pensava no trem fantasma.
Quando já se aproximava a hora de ir embora, o moleque cismou que tinha que ir no trem de qualquer maneira. Só a insistência do Gandhi já apavorava os dois mais novos e Iuri dizia: vai não Gandhi, vai não Gandhi!...

Não houve jeito. Quando chegou, perto de nós, o trenzinho repleto de meninos assustados, Gandhi foi o primeiro a ocupar o trem bem no primeiro carrinho. O trem tinha seis carrinhos, mas por uma questão de economia de energia, ele partia somente com os carrinhos que tivessem sido ocupados. E ta lá o Gandhi sozinho à espera dos maiores monstros da Terra. Iuri, ainda lhe fez os últimos apelos: vai não Gandhi!

Como não aparecia mais ninguém para seguir viagem com meu filho, o operador da besta fera foi lá e desengatou os carros traseiros deixando que meu filho fosse sozinho para o mais terrível mundo de assustamentos. Iuri não falou mais nada. Gandhi já estava vermelho de medo quando o trem partiu.

Na fachada do trem existiam três varandas superpostas por onde as crianças passavam dando adeus para os pais. Mas daquela vez só passou o Gandhi dando um adeus revelador de um pedido de socorro urgente. Não esperei que ele passasse pela segunda varanda e exigi que o operador fosse buscar ele. Lá foi o operador num dos carrinhos que fora desligado, numa lentidão proposital para que o moleque voltasse morto de medo. Na terceira varanda já passaram os dois e cinco minutos depois chegaram o salvador e o náufrago. Gandhi vomitava, o passeio acabou ali e Iuri dizia: Viu Gandhi, Viu Gandhi...